12 dezembro 2005

O fabrico de sabão e planos para a próxima sessão

O clube vai andando mas, nesta fase, não existe um grande entusiasmo da minha parte. As razões são várias, procurarei explicitar algumas delas numa próxima oportunidade. Uma actividade que tentámos realizar hoje foi o fabrico artesanal de sabão. http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/sabao.html Não correu muito bem. Se calhar não fizemos bem a proporção dos ingredientes que utilizámos ou alguns não tinham a melhor qualidade. Valeu a tentativa. Equacionámos para uma próxima a sessão a possibilidade de produzir um indicador ácido-base a partir da couve roxa. Em http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/indicador.html Podemos produzir o indicador a partir da couve-roxa e numa próxima sessão usar este indicador ácido-base e outros como a solução alcoólica de fenolftaleína e o açafrão da Índia (que se usa em pó) para investigar o carácter químico de algumas soluções. Exs: vinagre, sumo de limão, hidróxido de sódio, água da torneira, shampoo, detergente, etc. A actividade experimental pode ser complementada usando as sugestões (em Inglês) que se encontram na internet e que correspondem praticamente a uma actividade "experimental" virtual que usa alguns indicadores ácido-base e trabalha também o conceito de pH: http://www.miamisci.org/ph/phcabbage.html Algumas questões exploratórias podem ser: O que são ácidos? Como se reconhece um ácido? O que é o pH?

05 dezembro 2005

Densidade de líquidos

A actividade mais interessante da sessão de hoje foi a de colocar num mesmo copo diversos liquidos com diferentes densidades. Usámos calda de caramelo, óleo vegetal e água colorida e observámos o que acontecia à medida que os líquidos iam sendo adicionados ... No blog dos miúdos, existe uma tentativa de descrição da actividade, tal como foi realizada por um deles. Como se nota, as dificuldades de escrita são grandes e a utilização do computador para escrever, também cria problemas! Decidi, contudo, não corrigir a versão deles e deixar a texto tal como foi lá colocado à primeira, mesmo com erros de ortografia e outros!... A verdade é que os computadores de que dispomos são pouquíssimos e não consegui, em tempo útil, fazê-los voltar e corrigir com eles, na sua presença, o texto inicial!

30 novembro 2005

A Exposição "À luz de Einstein" na Gulbenkian

Ainda não escrevi nada sobre a visita à exposição "À luz de Einstein, 1905-2005" na Gulbenkian que se realizou no sábado passado como tinha anunciado no post anterior. Aqui ficam alguns comentários sobre a forma como a vi. A exposição tinha algumas coisas interessantes mas não estava preparada para miúdos desta faixa etária (11 aos 13 anos). Penso mesmo que não está preparada para o público em geral, o que me parece que seria o principal objectivo para uma exposição naquele espaço. Estamos na época da imagem e parece-me que a informação disponível e as propostas de actividades tinham demasiado texto que não era rápido e fácil de assimilar por estes miúdos. Por outro lado, nas propostas preparadas para serem interactivas faltava, às vezes, alguma clareza e inclusivé algumas legendas com a identificação de equipamentos incluídos nas montagens que não eram fáceis de identificar por quem não conhece. Uma outra questão que não estava clara é a de saber o que é interactivo e o que não o é. Numa exposição que tem uma parte interactiva mas outras coisas que o não são era bom ter claro o que é e o que não é interactivo para não se ser apanhado a mexer em coisas onde afinal não se pode mexer, principalmente quando se fala de miúdos. Só apenas mais um aspecto sobre a exposição. Apesar de perceber a abordagem histórica e por isso a sala introdutória, se calhar não começaria por aqui. Parece-me que seria mais fácil agarrar adolescentes pelas coisas mais recentes e por isso mais próximas deles, mais tecnológicas, do que pelos aparelhos antigos, claramente de museu. À parte destes comentários a ida à Gulbenkian foi divertida até porque muitos miúdos, apesar de serem de Lisboa, nunca lá tinham ido e só pelo espaço e pelo jardim teria valido a pena. É perceptível tambémque os miúdos "apanharam" alguns aspectos da exposição que ressalta do que escreveram no blog e do que disseram quando interpelados no final da visita e na segunda feira seguinte durante a sessão do clube. Para mim ficou a vontade de lá voltar para ver e usufruir verdadeiramente da exposição. É que desta vez os meus olhos estiveram mais postos sobre os miúdos e a forma como se comportavam do que sobre a exposição propriamente dita.

28 novembro 2005

Rescaldo da visita à Gulbenkian

A sessão de hoje foi passada à volta do computador. Viram-se as fotografias sobre a visita à Gulbenkian e os miúdos escreveram sobre isso no blog deles. Não se assustem com a ortografia. Está um bocadinho má. O curioso é que em alguns casos não se trata de puros erros de ortografia mas percebe-se que escrever com Ks e abreviaturas parece ser uma opção. Alguns deles referiram que escrevem assim por ser na internet. Claro que estão a confundir a internet com o messenger mas esta será uma conversa para outros momentos. O facto de os miúdos que estão presentes numa dada sessão do clube raramente estarem nas sessões seguintes vai impedir-me de esclarecer esta questão de forma rápida e tentar que sejam feitas quanto antes as correcções necessárias.

22 novembro 2005

Faltei ao Clube

Esta semana não consegui ir ao clube e sei que isso não é muito bom. Uma vez por semana já é pouco para criar continuidade não só nas actividades de ciência mas também nas questões afectivas que ali são talvez ainda mais importantes. Aliás acho que anda a faltar qualquer coisa e isso se calhar é a continuidade, o poder estar com os miúdos noutros momentos que não só à segunda feira naquelas duas horas. Mas, por enquanto, esta é a forma possível. Eu andava algo preocupada com a questão da forma de propor as tarefas aos miúdos e isso sei que terá de passar mais por lançar questões e desafios. Já escrevi sobre isso mas agora falta-me passar para a prática. É que como sabemos, nos recursos que consultamos, manuais, sites, livros encontram-se mais as receitas do que os desafios. Esses têm de ser pensados e construídos, não existem, em geral disponíveis nas fontes que usamos. Uma outra questão prende-se com o défice de escrita dos miúdos. Também neste caso a coisa tem de ir aos poucos e a aposta primeira tem que ser na oralidade. Talvez uma boa discussão e um bom questionamento oral possam vir a contribuir para enriquecer os textos que os miúdos escrevem no blog. Bom, no sábado podemos compensar a não existência de sessão do clube com uma ida à exposição sobre Einstein que está na Gulbenkian. É uma exposição interactiva e espero que os miúdos gostem e apreveitem. Se quiserem mais informações sobre esta exposição consultem o site da Fundação Calouste Gulbenkian.

16 novembro 2005

O importante é criar desafios

O importante é criar desafios! Esta tem de ser a forma de trabalhar e de preparar as próximas actividades do clube. De facto já estava a sentir alguma insatisfação com o que estávamos a fazer ou pelo menos com a forma como as actividades estavam a ser colocadas aos miúdos. Eram demasiado passo a passo, quase receita, sem muita margem para imaginar, inventar e criar. A forma tem de ser outra. Mais à base de questões e respostas a desafios mesmo que essas "respostas" sejam novas questões. Acabámos por não construir o electroíman. É que no livro de onde retirámos a proposta de construção havia imagens e uma delas mostrava que o electroíman iria atrair clips, ora isso já nós tínhamos feito mas usando um íman. Uma das miúdas disse logo que aquilo já sabia e por isso não valia a pena fazer. Claro que ela não deu conta das diferenças entre um íman e um electroíman mas isso irei mostrar numa outra oportunidade, se calhar depois de eu construir o enrolamento e questionando as semelhanças e as diferenças entre aquele dispositivo e um íman. Acabámos então por nos divertirmos com os motores, os fios, as lâmpadas e duas pilhas que entretanto o Toni arranjou. E foi giro vê-los a montar circuitos eléctricos simples. Foi também interessante desafiá-los a conseguir acender uma lâmpada usando apenas um fio e uma pilha. Não é uma coisa nada óbvia para miúdos daquela idade e as tentativas foram muitas até alguém conseguir! Como tínhamos motorzinhos, pensámos usá-los para pôr a rodar um disco pintado com as sete cores do arco-íris e ver o que acontecia (em nautilus.fis.uc.pt, existe um exemplo). Construímos um disco em cartolina e recortámos em papel de lustro das várias cores alguns triângulos cada um de sua côr para preencher a área do círculo com as sete cores. Não chegámos a terminar e houve alguém que sugeriu que se pintasse em vez de usar o papel de lustro. Ficou o projecto. Talvez para continuar... A Susana que entretanto estava muito preocupada com a matemática foi escrever no blog um longo texto sobre as suas angústias. Foi giro e ao mesmo tempo assustador. Não vale a pena explicar muito porquê basta ver o texto e ler.

14 novembro 2005

Dicas para a sessão de hoje

Ando a portar-me menos bem com o clube e sem tempo para escrever no blog. Acho que o dia da semana, 2ª feira também não ajuda muito. Hoje vou voltar a recomeçar depois de uma interrupção forçada na semana passada. Tenho um pequeno programa sobre o Teorema de Pitágoras que encontrei no seguinte endereço:http://www.mat.ufrgs.br/~edumatec/atividades/ativ23/pitagoras.html para dar, em particular, à Susana. Vamos também tentar voltar ao electroíman e como irei levar alguns fios, lâmpadas e motores dará para alguma coisa.

24 outubro 2005

Brincando com o magnetismo

As nossas actividades de hoje foram sobre magnetismo. Preparei algumas actividades com ímanes. Algumas que considerei um bocado infantis para os míudos que costumam aparecer e outras talvez não. Um dos problemas que sinto sempre antes de qualquer sessão é qual o interesse das minhas propostas para os miúdos que vou ter na frente. Não foi muito mau mas algumas talvez sejam de facto demasiado infantis. O Toni já tinha sugerido que para conquistar outros miúdos mais velhos tínhamos de criar outras actividades. Talvez não seja necessário mudar muito as actividades mas antes criar propostas diferentes que sejam mais desafiadoras. Basicamente brincámos com ímanes, divertimo-nos a ver os espectros que faziam quando usávamos limalha de ferro numa caixinha de plástico transparente. Também foi possível avaliar a força de diferentes ímanes realizando uma proposta do livro do Luís [1] . Ainda tivémos tempo para construir uma bússola artesanal usando uma agulha de coser, uma rodela de cortiça, um prato com água e um íman para magnetizar a agulha. Resultou bem mas devíamos ter aproveitado para desenvolver um pouco mais o tema da orientação. Se quiserem pegar neste assunto podem usar um texto simples que se encontra em http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/magn/bussola_orientacao.html Encontrei um vídeo interessante sobre electromagnetismo e acho que pode ser mais um recurso para explorar com os miúdos. Experimentem! Enquanto não conseguir colocar a funcionar o vídeo aqui (parece que está com problemas) deixo a ligação directa para o google http://video.google.com/videoplay?docid=-6789885958250085638&q=electromagnetism Referências: [1] Ardley, N. (1998) 101 novas experiências com a ciência. Lisboa: Texto Editora

18 outubro 2005

Um barco movido a fairy e um blog a andar...

O clube está a andar. Ontem voltaram a comparecer o Luís e a Susana e também a Cláudia e o irmão Ruben. São poucos mas bons. O Toni diz que quando começar a chover vão aparecer mais miúdos pois começa a não ser possível andar na rua a jogar à bola. O Luís está muito interessado e trouxe dois livros com muitas actividades para escolhermos. São da texto editora, as 101 novas experiências com a ciência[1]. Entretanto eu tinha deixado duas ou três actividades preparadas da sessão anterior, "David e Golias"[2] e "Bolas de sabão a flutuar" [3]. Apesar de serem uma adaptação do site ciência em casa não tinha muita confiança que elas dessem certo. Claro que as devia ter testado antes, mas falhei essas determinações da didáctica e de facto a coisa não deu muito certo. Na primeira não conseguimos ver o efeito esperado nos balões apesar de termos repetido diversas vezes para diferentes volumes de ar nos dois balões. Na segunda cansámo-nos e divertimo-nos a fazer bolinhas de sabão mas também não as conseguimos ver a flutuar. Entretanto e como tínhamos o livro do Luís e um frasco com detergente fairy que tinha servido para as bolas de sabão escolhemos realizar a actividade "Faz uma corrida de barco"( p.26). Esta actividade existe também em http://cantinhodaciencia.no.sapo.pt/experimentario/tocaefoge.htm (acedido em 17 Outubro 2005). A realização da actividade foi óptima e deu muito certa. Os miúdos quiseram repetir várias vezes. Fizemos também uma outra que tem por base o mesmo princípio, isto é, a existência de tensão superficial na água, e que consistiu em colocar um clip a flutuar sem qualquer apoio. O Ruben foi o herói e conseguiu, depois de inúmeras tentativas de todos. Por último e já só com o Luís e a Susana fomos dar um novo impulso ao blog que já começou a andar. Aqui fica o endereço http://clubedecienciasjovem.blogspot.com/ Na próxima sessão penso preparar as primeiras actividades temáticas provavelmente sobre magnetismo pois temos muitos ímanes no clube. [1] Ardley, N. (1998) 101 novas experiências com a ciência. Lisboa: Texto Editora. [2] http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/david.html (acedido em 17 Outubro 2005) [3]http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/bolas.html (acedido em 17 Outubro 2005)

10 outubro 2005

Voltámos ao Clube!

As férias acabaram e voltámos ao clube. Hoje foi o recomeço das actividades e também do blog. Apareceram apenas três miúdos, o Luís, a Susana e o Vasco mas fiquei a saber que há vários inscritos, uns 10 ou 12. É um bom sinal que promete. Foi uma sessão calma mas interessante. Eu tinha preparadas algumas actividades mas realizámos apenas duas. Uma delas não se revelou muito interessante e não nos entusiasmou, nem a mim nem ao Toni ou aos miúdos.Foi uma a que dei o título "Bolhinhas e mais bolhinhas..." adaptada de Gold (1991). Passámos à frente e fomos para uma clássica que aparece em muitos livros de Ciências da Natureza do 5º ano de escolaridade no estudo do ar e que consiste basicamente em (1) Assentar uma vela no fundo de um prato com água mas de forma a que apenas uma pequena porção fique submersa; (2) Acender a vela e colocar sobre ela um frasco de vidro com o gargalo para baixo; (3)Observar o que acontece à chama da vela (e não só) depois de colocar o frasco. Acabei de encontrar um protocolo desta actividade no site "O Cantinho da Ciência". O que foi interessante foi o entusiasmo que os miúdos colocaram na actividade que repetiram imensas vezes com variações, como por exemplo usando mais do que uma vela em simultâneo, velas de tamanhos diferentes, um frasco diferente.... Para cada um dos ensaios foram coleccionando observações e dando conta das semelhanças e das diferenças. Quando é que a vela se apagava mais rapidamente? A quantidade de água que sobe no frasco é sempre a mesma? No final, quando se tenta retirar o frasco há uma espécie de efeito ventosa e é difícil. Porquê? O movimento que fazia o fumo da vela dentro do frasco também foi observado com interesse...e muitas outras coisas. Na última meia hora ainda fomos começar a construir um blog para eles alimentarem com notícias sobre as actividades, as suas impressões e opiniões e outras notícias do clube, mas só começámos. Os miúdos não têm nenhuma ideia do que é um blog. Aliás, na próxima sessão vou mostrar alguns blogs talvez do site português do sapo http://blogs.sapo.pt/. Também existem bons exemplos no http://www.omeudiario.net/ que é um apontador de blogs em português. Até agora apenas criámos a conta e o endereço http://clubedecienciasjovem.blogspot.com. Vamos continuar na próxima sessão. Para uma das próximas semanas vou preparar actividades sobre magnetismo. Já tenho um dos sites que me irá servir de base http://educa.fc.up.pt/experiencias.php?id=43 mas com muito para trabalhar. Referências: Gold. C. (1991). Viagem pela Ciência. Lisboa: Gradiva http://cantinhodaciencia.no.sapo.pt/experimentario/ocoposugador.htm (em 10 Outubro 2005)

20 julho 2005

Canção dos "Porquês" e "A cozinha é um laboratório"

Estou a continuar o meu planeamento das sessões do clube para o próximo ano (a partir de Setembro). Gostava de abrir a primeira sessão do clube com a canção a que chamei "canção dos porquês". É uma canção da Adriana Calcanhotto, a 2ª faixa do disco Adriana Partimpim, cujo título é "Oito anos". A letra pode obter-se no site http://www.adrianacalcanhotto.com.br/discografia/index.php Acho que seria interessante pôr os miúdos a ouvir a canção, a partir do disco claro, fazer o reconhecimento para os que não conhecem e pedir-lhes que escolham pelo menos uma das questões formuladas na canção que gostassem de investigar. Podem também formular outras questões que se lembrem e que gostassem de ver respondidas. Essas questões seriam escritas no blog que pode ser iniciado nessa altura. As questões formuladas e escolhidas pelos miúdos podem ser um ponto de partida para as tarefas a planear. Outra tarefa que estou a desenvolver e que pode constituir um dos conjuntos de actividades temáticas, tem por base o tema apresentado no site do programa Ciência Viva intitulado "A Cozinha é um laboratório" http://www.cienciaviva.pt/divulgacao/Cozinha/. Os materiais apresentados no site são um ponto de partida interessante para formular propostas de actividades a desenvolver que estejam adaptadas ao nível etário e anos de escolaridade destes míudos. Para mais ideias sobre cozinha e laboratório posso ver também este site: www.exploratorium.edu/cooking/index.html

13 julho 2005

Preparando o futuro - parte II

Continuando a pensar no futuro e retomando algumas ideias que já comecei a explicitar em momentos anteriores pensei nos temas a bordar nas sessões. Como já disse a intenção é que existam conjuntos de sessões que sejam temáticas e que tenham unidade. Os tópicos a abordar podem ter alguma relação com os temas que os miúdos abordam na escola (terei de olhar para os currículos de ciências dos 2º e 3º ciclos) tendo como objectivo tentar compensá-los da não realização de actividades experimentais nas escolas. Claro que isto não será explicitado aos miúdos mas ficará como intenção. Não esquecer que o clube é um espaço lúdico que nada tem a ver com a escola!

07 julho 2005

Preparando o futuro

Até agora a minha dinamização do clube e as actividades que temos realizado não passam de simples brincadeira. Estes dois meses serviram em especial para a minha adaptação a uma actividade nova, o voluntariado, à instituição em causa que não conhecia, e, também, a um voltar a estar com adolescentes num espaço de lazer mas também de aprendizagem, depois de 10 anos de ausência ou pelo menos de grande afastamento enquanto envolvimento directo. É desejável que no futuro, o clube evolua para algo mais organizado e programado em termos de actividades e de formas de estar. Vou por isso deixar aqui algumas ideias que tenho andado a amadurecer sobre o futuro do clube, entenda-se o próximo ano lectivo. Será desejável tentar conciliar a realização de actividades experimentais com a utilização do computador, nomeadamente a internet, por parte dos miúdos. A internet pode assumir vários papéis: - fonte de pesquisa de informação que alimente as actividades experimentais propostas; - fonte onde se podem encontrar "laboratórios virtuais de aprendizagem" vou chamar assim a sites que permitam por exemplo simular actividades experimentais - sítio para um Blog a ser mantido essencialmente pelos miúdos - outros recursos de comunicação entre os membros do clube (email, ...) - página web do clube ... Conciliar os vários recursos, explorar potencialidades e elaborar propostas metodológicas serão tarefas para ir desenvolvendo.

28 junho 2005

Já cheira a férias

Hoje não houve clube. Os miúdos não apareceram. As férias escolares já começaram e o ritmo é outro. Além disso a sala de computadores estava a funcionar e os jogos falaram mais alto. Tinha preparado a actividade "Brincar com espelhos e construir um caleidoscópio" que adaptei do site: http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/166_out03/html/faca. Ficará para outra sessão. Entretanto o tempo não foi completamente perdido e tive algumas boas notícias. A mais importante foi que passámos a ter internet. É óptimo e já posso pensar em concretizar algumas ideias. Estive também à conversa com a Cristina (a dinamizadora do clube anterior) e descobri com ela alguns materiais existentes na sala e que vão ser muito úteis, como por exemplo, vários ímanes e alguns fios e lâmpadas. Aproveitei para perceber o que se jogava no computador e veio-me à ideia aquele projecto de usar os jogos de computador como uma fonte explícita de aprendizagens, nomeadamente, de ciência. É também cada vez mais clara na minha cabeça a necessidade de preparar conjuntos de actividades para uma abordagem temática, tipo unidade de ensino. Os temas possíveis são vários, Som, Electricidade e magnetismo, Meteorologia, ... Podemos até construir kits com os materiais necessários e as propostas de actividades. É um projecto a investir sempre na base do aprender ciência experimentando mas sem laboratório!

21 junho 2005

Escrever sim mas em computador

A sessão de hoje acabou por ser bastante calma. Acho que ainda não nos habituámos ao novo horário e parece-me que afinal alguns miúdos acabaram por ter aulas. Apareceram as gémeas (Teresa e Luisa) (estavam muito vaidosas (no bom sentido) e felizes com o Bom no último teste de Português que cá para mim devia ser Muito Bom), o Ricardo, a Susana e a Gabriela (mais tarde). Fizemos a actividade sobre a flutuação (ver post anterior) mais ou menos como a tinha imaginado. É normal os miúdos terem a ideia que os objectos pesados se afundam e que os mais leves flutuam. Aqui não foi diferente. Uma das formas de questionar esse equívoco foi pensarmos o que acontecia quando colocávamos na água um clip e um pedaço grande de madeira mais pesado do que o clip. Uma outra estratégia foi usar uma bola de plasticina e experimentar colocá-la na água e a seguir pegar na mesma bola mas moldá-la de forma a criar um barco ou uma jangada e observar o que acontece em termos de flutuação. Surpreendente também foi experimentar quantos clipes ou berlindes conseguimos pôr a flutuar sobre um pequeno rectângulo de papel de alumínio. Infelizmente não consegui ter acesso de forma completa às impressões dos miúdos pois uma vez mais foi difícil convencê-los a escrever. A determinada altura da minha insistência decidi sugerir: " E se fôr no computador?" Impressionante! A Susana e a Gabriela que tinham sido das mais renitentes levantaram-se de imediato para se dirigirem ao computador. Infelizmente não nos foi possível concretizar o desafio o que me deixou algum sabor a frustração. Eu tinha-me distraído com as horas e faltava apenas um quarto de hora para o fim da sessão (que coincide com a hora de fechar o edifício), os computadores estavam todos desligados e tornou-se impraticável. Na próxima semana vou propor que a nossa última meia hora seja preenchida a escrever sobre as actividades mas em computador! Este episódio reforçou a minha ideia de propor aos miúdos um blog que sejam eles a alimentar com as suas questões, respostas, opiniões, sugestões, o seu modo de olhar o clube. Eles costumam ser muito bons avaliadores! Quem sabe se não seria uma forma de os pôr a escrever sem medos? Precisamos com urgência da internet a funcionar!! Além disso seria uma forma de usar o computador com outros objectivos que não apenas os jogos. Vou manter a esperança quanto mais não seja no próximo ano. Uma outra possibilidade pode ser incentivar o uso dos computadores nas escolas a que cada um pertence se não conseguirmos a "nossa internet". Uma outra ideia que cada vez mais me faz sentido, à medida que as sessões decorrem, é pensar na preparação de sessões que tenham um carácter mais temático. Até agora o que consegui fazer foi tentar preparar actividades que vou descobrindo ou de que me vou lembrando não muito exigentes em termos de materiais necessários, de fácil concretização mas com pouca preocupação em relação aos temas. Começa a fazer todo o sentido preparar sequências de actividades que permitam explorar um determinado tema, um conceito ou conjunto de conceitos relacionados. Por exemplo, a propósito das actividades sobre óptica realizadas na última sessão, pensei que podíamos apostar na fotografia como tema unificador e explorar diversos conceitos. Claro que um trabalho com esta perspectiva é muito mais exigente em termos de planificação e principalment precisa de mais tempo para ser concretizado mas é uma aposta que me parece valer a pena fazer e que talvez permita entrar mais seriamente e mais fundo na abordagem e na aprendizagem (espera-se) de questões de ciência. Para terminar vou referir que como a escrita em computador não se concretizou, os miúdos desmobilizaram completamente da escrita em papel e passaram a ficar desocupados no último quarto de hora o que motivou o regresso do barulho e alguam confusão prejudicial para quem tentava trabalhar no gabinete ao lado. Conclusão, miúdos desocupados e "bem comportados" são coisas incompatíveis.

O pânico da última hora: uma actividade sobre flutuação

Finalmente decidi-me e talvez tenha feito uma boa escolha. Vou abrir com uma actividade sobre a flutuação: "Por que flutuam os barcos?". Adaptei esta actividade do livro "Ciência a brincar" [1] que consultei ontem à noite e decidi completá-la hoje com uma proposta que já conhecia de um outro livro de actividades[2]. Se o Miguel aparecer poderemos, talvez, retomar a nossa conversa sobre submarinos. Vejamos quem aparece e como tudo vai correr! [1] Ciência a Brincar: Descobre a água! http://mars.fis.uc.pt/~cp/cab/agua/bcagua.html [2] Main, J. (1991). Developing critical thinking through science, book 1. USA: Critical Thinking &Software (www.criticalthinking.com)

A escolha das actividades ou as minhas indecisões

A minha angústia esta noite subiu exponencialmente e dormi muito mal. Claro que o calor e o rescaldo do seminário na casa ajudaram à insónia mas o clube de ciência também ocupou algum espaço. Logo à tarde não sei quantos miúdos vou ter, até porque mudámos o horário para ajustar às férias de Verão e além disso há greve dos professores, o que significa que os miúdos podem não ter aulas e vão aparecer em maior número. Mas a minha angústia tem a ver com o facto de até agora, e faltam poucas horas para a sessão, ainda não ter conseguido decidir que actividades irei realizar. Ainda por cima tenho de pensar na tal actividade de abertura mais demonstrativa mas que simultâneamente permita interrogar e despertar interesse e curiosidade. Tenho algumas hipóteses que terei de decidir no máximo até à hora do almoço.

14 junho 2005

Espelhos, Câmara-escura e convívio

A sessão de hoje voltou a animar. Aliás logo que cheguei, passavam apenas uns 10 minutos das seis e quando pensava ter alguns minutos para acertar os últimos pormenores com a Ana eis que os miúdos que já estavam a brincar cá fora me seguiram de imediato até à sala onde costumamos trabalhar. No início existem sempre mais miúdos do que aqueles que acabam por ficar . Espero um dia conquistá-los, mas por agora o clube disputa o espaço com os treinos de basquetebol da junta de freguesia. Por isso, o Amílcar, o Pedro, a Gabriela, o Fábio e o Diogo acabaram por sair antes das sete para irem para o basquetebol. Percebe-se que por agora estão ali apenas a fazer tempo (como diz a Ana) e não ainda com muito interesse no clube mas também já não ficam lá fora indiferentes ao que se está a passar. O Pedro referiu a determinada altura que só queriam “assistir”. Esta circunstância, por um lado de só quererem assistir e por outro o só ficarem durante meia hora levou-me a ponderar preparar uma actividade inicial de abertura da sessão que permita ser realizada num formato mais de demonstração feita por mim ou por um deles e que ao mesmo tempo permita levantar questões e alimentar alguma discussão tentando que todos eles participem e sejam envolvidos. Talvez isto possa ser o início da conquista! Acabaram por ficar mais tempo o Luís, o Ricardo, o Jorge, o Vasco, as gémeas (Luísa e Teresa) e também a Danila (que conheci hoje, é de Moçambique e está em Portugal apenas há um ano). A Danila teve um comportamento engraçado pois durante a maior parte do tempo esteve em amena cavaqueira com o Luís. Tratava-se de pôr a conversa em dia e, aparentemente, não tinha grande interesse nas actividades. No entanto sempre que se focava uma determinada observação ou acontecia alguma coisa engraçada lá vinha ela juntar-se ao grupo para também observar. Já próximo do final da sessão apareceram o André e a Márcia que eu já conhecia mas de outro contexto, o piquenique. Com todos mais calmos, a sessão acabou por ser bastante produtiva. Permitiu-nos construir uma câmara –escura [1] (usando uma caixa dos sapatos trazida pelo Ricardo) e observar e descrever as características da imagem da chama de uma vela projectada na face da caixa que tinha o papel vegetal. Neste vídeo têm uma outra versão de construção de uma câmara escura http://www.cvtv.pt/junior/index.asp?id_video=160&id_tag=17 Fizemos ainda uma outra actividade sobre óptica e que foi aprender como são as imagens obtidas num espelho plano [2] Já no final da sessão ainda tivemos tempo para nos dedicarmos a investigar se o ar tem peso que já vinha da sessão anterior. Nesta altura a Márcia e o André já tinham chegado e o André foi peremptório em afirmar que não que o ar não tinha peso pois nós não o sentíamos. Foi com grande espanto que verificou que a nossa balança rudimentar se desequilibrava quando se colocava ar num dos balões[3]. O André frequenta o 5º ano de escolaridade. Ainda houve tempo para o Jorge demonstrar a actividade “a pressão hidrostática” para o André e para a Márcia e logo a seguir terminámos a sessão. Acho que o título do post acaba por não ter muito a ver com o que acabei de escrever. Quando o decidi estava a pensar na amena cavaqueira entre o Luís e a Danila e acho que o vou deixar ficar porque acaba por fazer sentido, se calhar não tanto para este texto em particular, mas para uma das facetas do clube. [1] Actividade adaptada de: Cruz, N., Martins, I. P. e Martins, A. (1988). À descoberta da física – 9º ano, (2ª ed.). Lisboa: Porto editora [2] Idem [3] Para perceber completamente deve consultar a proposta de actividade em Mandell, M. (1997). Experiências simples sobre o clima com materiais disponíveis. Venda Nova: Bertrand Editora.

07 junho 2005

O regresso a alguma normalidade

Hoje as coisas regressaram mais à normalidade. Apareceram os miúdos de sempre que já posso considerar membros permanentes, isto é, o Luís, o Vasco, o Ricardo e o Jorge. O Luís começa a afirmar-se como líder e como organizador. Hoje observei que existiam arrumações na sala, foi lá colocado um novo armário e então achei por bem reivindicar um espaço de duas prateleiras para os materiais que vamos tendo do clube. Esta minha pretensão foi prontamente aceite e comunicada por mim aos miúdos. Desde logo o Luís passou a liderar o processo de arrumação e organização dos materiais. Aliás durante a sessão dedicámos algum tempo a essas questões. O Luís ofereceu-se para trazer dois dossiers já usados que tinha em casa onde decidimos arrumar por um lado as propostas de actividades que vão sendo realizadas e por outro os materiais, (textos, esquemas, desenhos...) que vamos produzindo sobre as actividades. As actividades que propus para hoje foram: "Vamos construir e experimentar um flutuador” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/submarino.html) “Pressão hidrostática” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/hidrostatica.html “O ar tem peso?”[1] “Bolas de sabão a flutuar” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/bolas.html) “Esferas de óleo que flutuam” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/oleo.html Acabámos por só realizar as duas primeiras actividades e repetimos a versão do Luís da garrafa vulcão (ver post anterior). As outras ficaram para sessões futuras. O Vasco e o Jorge lideraram e protagonizaram a realização das duas primeiras actividades. Interessou-lhes em particular a da pressão hidrostática e posso dizer que se divertiram muito a experimentar fazer vários furos na garrafa a diferentes alturas e a observar bem os efeitos nos jactos de água produzidos. Chegaram com grande facilidade aos porquês muito embora sem nunca referirem o termo pressão mas antes “o peso da água”. Também foi quase imediata a relação que estabeleceram com o que acontece aos mergulhadores devido aos efeitos da pressão. Para ilustrar referiram o filme "O abismo" que eu não me lembro de ter visto mas acredito que possa ser um bom exemplo. Tentarei saber. O Luís sugeriu duas actividades para serem realizadas, uma sobre a germinação do feijão controlando algumas variáveis tais como humidade, luz e temperatura. O Luís lembrou-se que tinha feito esta actividade no 4º ano de escolaridade e achou que gostava de voltar a fazer. Ele ficou de ir rever no seu livro e de planear completamente a actividade. Lembrou-se ainda de uma outra que é a de colorir flores usando tintas de várias cores. Espero que isto de os miúdos começarem a fazer propostas de actividades aconteça mais vezes. Seria óptimo e um muito bom sinal. [1] Actividade adaptada de Mandell, M. (1997). Experiências simples sobre o clima com materiais disponíveis. Venda Nova: Bertrand Editora

31 maio 2005

As minhas primeiras dificuldades…

A sessão de hoje fez-me sentir as primeiras dificuldades nesta minha tarefa de dinamizadora do clube de ciência. Primeiro porque apareceram muitos mais miúdos do que nas sessões anteriores e eu não estava preparada para isso ainda que tivesse sido prevenida e estivesse informada e consciente de que isso poderia acontecer. Vou tentar enumerar os que apareceram: o Luís (que não ficou o tempo todo porque tinha uma reunião), o Ricardo e o Vasco que vêm já das sessões anteriores. Apareceram também o Amílcar e o Miguel que ainda por cima já pertenceram a um clube de ciência que existiu anteriormente neste espaço. Estavam ainda as gémeas Teresa e Luísa, a Gabriela, a Cristiana e o Nelson. Em segundo lugar o Toni, o meu colaborador, também não pode estar e foi substituído pela Ana que eu conhecia pior e com quem deveria ter conversado, antes da sessão o que acabou por não acontecer. Isto pode ter contribuído para que ela se tenha sentido certamente um pouco perdida o que acabou por ter alguma interferência em mim e no meu desempenho. Em terceiro lugar e como já deixei transparecer a sessão não estava convenientemente preparada por mim a pensar neste número de miúdos e as coisas acabaram por não correr muito bem. Explicitando melhor a minha análise: Aprendi na formação inicial e fui com a experiência confirmando que quando se realizam actividades experimentais com jovens devem ser garantidas, à partida, determinadas condições para prevenir que o caos se instale. A saber: (1) uma boa arrumação do espaço físico onde vão decorrer os trabalhos garantindo uma boa separação dos grupos de trabalho permite reduzir ao mínimo as interferências negativas entre elementos de diferentes grupos, o que favorece a existência de um bom clima de trabalho em cada grupo; (2) os miúdos devem saber à partida o lugar que cada um vai ocupar e ter de imediato disponíveis os materiais que precisam para começar a realizar a actividade. Isto exige um planeamento antecipado e muito cuidadoso; (3) deve ser combinado com os miúdos a forma como se pensa funcionar durante a sessão. Isto deve ser feito sempre mas especialmente se as actividades que vamos realizar estiverem organizadas num formato de estações laboratoriais, ou seja, se em cada momento a actividade que um grupo realiza for diferente da do outro, existindo contudo a intenção clara de que de forma rotativa todos os grupos acabem por realizar todas as actividades. Se este for um formato que os miúdos nunca viveram deve -lhes ser dado conta à partida para que não fiquem intrigados por estarem num dado momento a fazer coisas diferentes do colega do lado e com a natural curiosidade de descobrir o que o outro está a fazer. Infelizmente nenhuma das condições que referi tinha sido garantida antecipadamente. Por um lado, a nossa sala tinha menos espaço disponível do que nas sessões anteriores pois estava a ser reorganizada e havia mais um armário a ocupar um espaço que antes estava livre. Por outro lado, os materiais para realizar as actividades pensadas para hoje não tinham sido previamente seleccionados, apesar de quase todos existirem na sala mas era preciso localizá-los e torná-los facilmente acessíveis aos miúdos. Além disso, uma das actividades exigia que nos deslocássemos para o espaço no exterior do edifício uma vez que precisávamos de esticar um fio com pelo menos cinco metros de comprimento para construir um “foguetão” e na sala não havia espaço. Assim fizemos, mas teria sido preferível que todas as actividades tivessem sido planeadas para o exterior pois o vai e vem não se revelou nada benéfico. A situação que se criou levou-me ainda a questionar mais dois aspectos que considero fulcrais. Um tem a ver com a forma de gerir no clube um grupo de miúdos que são na sua maioria adolescentes mas com idades, apesar de tudo, bastante diferentes e a frequentar anos de escolaridade diversos o que resulta que algumas actividades acabem por ser demasiado infantis e “muito básicas” para alguns, como os próprios referem mas para outros sejam um despertar da curiosidade e de interesse que impressiona. Como conseguir conciliar os dois grupos de miúdos sem que uns apaguem com a resposta pronta e a divulgação do resultado final o desejo de questionamento dos outros é um desafio que ainda tenho de trabalhar. O outro aspecto que me criou alguma insegurança prende-se com o meu papel naquele grupo e na instituição. Lembrei durante esta sessão com particular intensidade uma frase da Teresa (uma das responsáveis pela gestão dos voluntários) quando na nossa primeira reunião referiu que não era pressuposto passar para ali o modelo escolar e que as pessoas que eram professores podiam ser tentadas a fazê-lo. Percebi desde esse momento que o mais certo era ter de estar atenta a este aspecto pois mesmo sem o querer conscientemente, isso poderia vir a acontecer. Nesse dia percebi muito bem o que a Teresa quis dizer. Senti um horrível conflito interior e a ambivalência foi grande. Que regras se devem observar? Até onde se deve ir? Ao fim ao cabo nós estamos num espaço que se quer descontraído, nós todos no clube fazemos o que fazemos não por obrigação ou para cumprir um programa mas para ocupar o tempo com algo que gostamos. Bom, mas por outro lado estamos numa instituição que não é uma escola mas que lá terá alguns dos princípios por que se regem as instituições quanto mais não seja funcionários uns mais compreensíveis e flexíveis do que outros e além do mais é um local de trabalho (a nossa sala fica contígua a alguns gabinetes). Como é que eles nos vêem e como se posicionam em relação aos nossos (meus) comportamentos? Enfim, considerei que me estava a ser ainda mais difícil do que na escola encontrar aquele equilíbrio entre manter uma postura descontraída com os miúdos sem perder um certo controlo sobre a situação mas também sem resvalar nem um bocadinho para o autoritário. Até porque me dou conta que mesmo um espaço informal dentro da escola é diferente, tem sempre alguma coisa de formal, o contexto é um grande molde. Lá consegui mas não sei o quanto fui capaz pois a Ana, por exemplo, achou que os miúdos se tinham portado mal. Aliás com esta opinião não resisto a pensar no que acontece com alguns professores nas escolas. É frequente ouvirmos professores que se recusam a fazer actividades com os alunos porque eles se portam mal e a acharem que tudo de mal que acontece numa sala de aula ou na escola é culpa dos alunos. Gostaria de os convidar a fazeram antes uma análise segundo o ponto de vista que apresento e veriam como muitos problemas deixariam de existir. Experimentem investir mais no planeamento e preparem-se bem nos bastidores, invistam mais no "antes" e verão que é meio caminho andado para as coisas darem certo. Com todas estas dúvidas e no meio de alguma desorganização nossa, mesmo assim conseguimos levar a cabo algumas das actividades que tínhamos planeado. A saber: “O Ponto Fulcral” adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/fulcral.html “Vamos construir um foguetão”[1]; Quanta força tem o ar?[2]; “Que espaço ocupa o ar?”[3] As miúdas mais novas, nomeadamente as gémeas e a Cristiana com a ajuda do Luís fizeram uma das actividades da sessão anterior a separação dos componentes de uma mistura e mexeram pela primeira vez numa lamparina. Ainda conseguimos terminar a sessão comigo a falar com o Miguel sobre submarinos e com o Luís a apresentar uma nova versão da actividade da garrafa vulcão. Esta versão é mais espectacular do que a que realizámos na última sessão e consiste na utilização simultânea de dois frascos grandes do tofina com água fria. Esta versão aproxima-se bastante da que se encontra no livro “o pequeno mágico da ciência”[4] [1] Actividade adaptada de: Kaner, E. (1991). Ciência com balões. Lisboa: Gradiva Júnior [2] Actividade adaptada de: VanCleave, J. (1991?). Ciências da terra para jovens. Lisboa: Dom Quixote [3] Idem [4] Em colaboração. (1975). O pequeno mágico da ciência. Lisboa: Scire

25 maio 2005

Terça-feira dia 24

Vou para a minha segunda semana no clube. Acabei por não falar antes com o Toni, o meu colaborador, sobre as actividades que pensei para hoje. Trabalhei um pouco em cima da hora. Este é um dos meus grandes defeitos. Tentei arranjar coisas simples que não nos exigissem materiais ou ingredientes que não existissem já no nosso stock ou à mão na cozinha ou no bar. Quando cheguei, o Luís, o Ricardo e o Vasco já estavam à espera. Começam a tornar-se membros permanentes do clube. O Luís lá foi comentando que existem poucos miúdos a gostar de ciência. Tentava assim justificar as poucas presenças. Uma das actividades que testámos várias vezes e que fomos tentando optimizar foi a da garrafa vulcão que adaptei de "o meu primeiro livro de ciências"[1]. Depois tínhamos outras como por exemplo uma que trabalhava os métodos de separação dos componentes de uma mistura[2]. Esta escolhi-a a pensar no Jorge que tinha falado das misturas heterogéneas que estava a dar na escola. O Jorge não apareceu mas eles divertiram-se na mesma. O Ricardo e o Vasco estavam muito atentos ao que o Luís ia dizendo que era preciso fazer para separar a pimenta do sal. Conseguiram mesmo chegar à destilação quando ponderaram recuperar a água que haviam adicionado à mistura. O Ricardo confessou que apesar de estar no 8º ano e já ter dado este assunto não tinha nenhuma ideia de como fazer. A propósito, uma coisa que sinto que está a acontecer e isso verifica-se muito com o Ricardo é que ele, perante uma determinada situação, fica muitas vezes a tentar lembrar-se do que terá memorizado na escola sobre os assuntos e não consegue pura e simplesmente pensar nas situações de forma livre usando os saberes que tem para as resolver sem estar agarrado à escola e ao que pensa ser o "certo" aprendido na escola e com a linguagem que a escola lhe ensinou. Quando não consegue isso, o que inevitavelmente acontece muitas vezes, bloqueia e fica inseguro. Importa lembrar que estamos num espaço completamente informal, onde ninguém obriga a pensar ou a fazer as coisas como na escola, a fazer tudo "dar certo" apesar de eles saberem que eu sou professora e qual a minha área de formação. Aliás aproveitam muito para falar do que estão a dar na "minha disciplina". Neste momento são questões de óptica, as leis da reflexão. Penso proximamente preparar algumas actividades sobre este tema. Neste dia fizemos também uma cromatografia simples em papel[3] e o Vasco descobriu que não sabia que o álcool ou a água subiam no papel quando se mergulha só uma pontinha. Quando tentámos a actividade "papéis teimosos" adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/papeis.html verificámos que mais gente tinha entrado na sala e observava o que fazíamos. Entrou mesmo um outro miúdo que também acabou por participar na actividade e dar a sua opinião. Como trabalhámos de porta aberta algumas pessoas que passavam no corredor também iam olhando intrigadas o que fazíamos. Começámos a reservar a última meia hora de trabalho para escrever alguma coisa sobre as actividades realizadas. Eles não gostam muito de escrever mas lá vão pelo menos fazendo alguns esquemas e colocando legendas. O Vasco que no primeiro dia quase não tinha escrito nada, desta vez já conseguiu fazê-lo com menos esforço e falou da actividade que mais gostou de fazer. Deixámos por fazer o resumo sobre a actividade do Géiser caseiro (http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/geiser.html) porque o Luís lembrou-se que já tinha ouvido falar de géiseres em ciências e ficou de trazer mais alguma informação sobre o tema. [1] Wilkes, A. (1991). O meu primeiro livro de ciências. Lisboa: Civilização. [2] Actividade adaptada de: Cruz, N., Martins, I. P. e Martins, A. (1990). À descoberta da química – 8º ano, (3ª ed.). Lisboa: Porto editora [3] Idem

18 maio 2005

A segunda sessão de clube

Hoje não estive. Tinha a marcação de outra coisa sobreposta com o horário do clube. Tinha sido marcada antes de termos decidido quando íamos funcionar. Ficou só o Toni com os miúdos. Decidiram fazer uma actividade com roldanas usando alguns equipamentos de escalada e montanhismo. Fizeram isso cá fora no exterior do edifício num espaço agradável onde costuma estar uma esplanada. Parece que se divertiram e simultaneamente trabalharam algumas questões de física. Por exemplo, usando um conjunto de roldanas foi possível o filho do Toni que tem três anos elevar o Luís que tem quinze a uma altura apreciável do solo. Conseguiram também cada um deles individualmente elevar-se a si próprio. Na próxima semana irei regressar.

11 maio 2005

O primeiro dia no Clube

O nosso clube nasceu hoje. É um espaço informal de ocupação dos tempos livres dos miúdos e onde esperamos que haja ciência. Por enquanto começámos com algumas actividades que encontrámos em livros sobre ciência a brincar [1] ou na internet, por exemplo, em http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/. Uma das que teve mais sucesso e que resultou melhor foi a do “ovo engarrafado”[2] que repetimos várias vezes.Acho que nos divertimos todos. Hoje não éramos muitos. Estavam o Luís, o Ricardo, o Vasco, o Jorge, eu e o Toni. Lembro-me da concentração e da persistência do Jorge a testar algumas coisas, completamente ao contrário do que é costume a resolver exercícios de matemática (às vezes costumo apoiá-lo nisso). Até aproveitámos para resolver um ou dois exercícios sobre potências (7º ano) nos jornais que tínhamos a forrar a mesa. A seguir também o Vasco que não estava a perceber nada das potências, aproveitou para falar do que estava a dar no 6º ano, a propriedade distributiva. O Luís (8º ano) também entrou na discussão e explicou como se adicionavam números relativos de uma maneira que ele achava mais fácil e que era diferente da que o Jorge usava. Todos continuavam debruçados sobre os jornais da mesa atentos ao que cada um ia fazendo. Talvez dê para perceber como por alguns momentos todos estávamos, pelo menos, a falar da matemática da escola num ambiente favorável, descontraído e completamente informal. Entretanto o Jorge já me tinha declarado que não gosta de estudar. Eu não estava nada surpreendida com o que estava a acontecer mas há já algum tempo que não estava com miúdos desta idade e era a primeira vez que estava a tentar dinamizar um clube de ciência fora de uma escola, numa outra instituição que ainda não conheço. Já deu para perceber algumas diferenças. Até deu para rebentarmos um balão de propósito e no final rimo-nos todos. Também eu me sinto mais solta, menos preocupada com as regras e com o barulho que fazemos. Vejamos como vamos evoluir. [1] Em colaboração. (1975). O pequeno mágico da ciência. Lisboa: Scire Sabatés, R. (s/data). A brincar o Rui faz 50 descobertas de química. Lisboa: Plátano Wilkes, A. (1991). O meu primeiro livro de ciências. Lisboa: Civilização. [2] Adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/engarrafado.html