28 junho 2005

Já cheira a férias

Hoje não houve clube. Os miúdos não apareceram. As férias escolares já começaram e o ritmo é outro. Além disso a sala de computadores estava a funcionar e os jogos falaram mais alto. Tinha preparado a actividade "Brincar com espelhos e construir um caleidoscópio" que adaptei do site: http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/166_out03/html/faca. Ficará para outra sessão. Entretanto o tempo não foi completamente perdido e tive algumas boas notícias. A mais importante foi que passámos a ter internet. É óptimo e já posso pensar em concretizar algumas ideias. Estive também à conversa com a Cristina (a dinamizadora do clube anterior) e descobri com ela alguns materiais existentes na sala e que vão ser muito úteis, como por exemplo, vários ímanes e alguns fios e lâmpadas. Aproveitei para perceber o que se jogava no computador e veio-me à ideia aquele projecto de usar os jogos de computador como uma fonte explícita de aprendizagens, nomeadamente, de ciência. É também cada vez mais clara na minha cabeça a necessidade de preparar conjuntos de actividades para uma abordagem temática, tipo unidade de ensino. Os temas possíveis são vários, Som, Electricidade e magnetismo, Meteorologia, ... Podemos até construir kits com os materiais necessários e as propostas de actividades. É um projecto a investir sempre na base do aprender ciência experimentando mas sem laboratório!

21 junho 2005

Escrever sim mas em computador

A sessão de hoje acabou por ser bastante calma. Acho que ainda não nos habituámos ao novo horário e parece-me que afinal alguns miúdos acabaram por ter aulas. Apareceram as gémeas (Teresa e Luisa) (estavam muito vaidosas (no bom sentido) e felizes com o Bom no último teste de Português que cá para mim devia ser Muito Bom), o Ricardo, a Susana e a Gabriela (mais tarde). Fizemos a actividade sobre a flutuação (ver post anterior) mais ou menos como a tinha imaginado. É normal os miúdos terem a ideia que os objectos pesados se afundam e que os mais leves flutuam. Aqui não foi diferente. Uma das formas de questionar esse equívoco foi pensarmos o que acontecia quando colocávamos na água um clip e um pedaço grande de madeira mais pesado do que o clip. Uma outra estratégia foi usar uma bola de plasticina e experimentar colocá-la na água e a seguir pegar na mesma bola mas moldá-la de forma a criar um barco ou uma jangada e observar o que acontece em termos de flutuação. Surpreendente também foi experimentar quantos clipes ou berlindes conseguimos pôr a flutuar sobre um pequeno rectângulo de papel de alumínio. Infelizmente não consegui ter acesso de forma completa às impressões dos miúdos pois uma vez mais foi difícil convencê-los a escrever. A determinada altura da minha insistência decidi sugerir: " E se fôr no computador?" Impressionante! A Susana e a Gabriela que tinham sido das mais renitentes levantaram-se de imediato para se dirigirem ao computador. Infelizmente não nos foi possível concretizar o desafio o que me deixou algum sabor a frustração. Eu tinha-me distraído com as horas e faltava apenas um quarto de hora para o fim da sessão (que coincide com a hora de fechar o edifício), os computadores estavam todos desligados e tornou-se impraticável. Na próxima semana vou propor que a nossa última meia hora seja preenchida a escrever sobre as actividades mas em computador! Este episódio reforçou a minha ideia de propor aos miúdos um blog que sejam eles a alimentar com as suas questões, respostas, opiniões, sugestões, o seu modo de olhar o clube. Eles costumam ser muito bons avaliadores! Quem sabe se não seria uma forma de os pôr a escrever sem medos? Precisamos com urgência da internet a funcionar!! Além disso seria uma forma de usar o computador com outros objectivos que não apenas os jogos. Vou manter a esperança quanto mais não seja no próximo ano. Uma outra possibilidade pode ser incentivar o uso dos computadores nas escolas a que cada um pertence se não conseguirmos a "nossa internet". Uma outra ideia que cada vez mais me faz sentido, à medida que as sessões decorrem, é pensar na preparação de sessões que tenham um carácter mais temático. Até agora o que consegui fazer foi tentar preparar actividades que vou descobrindo ou de que me vou lembrando não muito exigentes em termos de materiais necessários, de fácil concretização mas com pouca preocupação em relação aos temas. Começa a fazer todo o sentido preparar sequências de actividades que permitam explorar um determinado tema, um conceito ou conjunto de conceitos relacionados. Por exemplo, a propósito das actividades sobre óptica realizadas na última sessão, pensei que podíamos apostar na fotografia como tema unificador e explorar diversos conceitos. Claro que um trabalho com esta perspectiva é muito mais exigente em termos de planificação e principalment precisa de mais tempo para ser concretizado mas é uma aposta que me parece valer a pena fazer e que talvez permita entrar mais seriamente e mais fundo na abordagem e na aprendizagem (espera-se) de questões de ciência. Para terminar vou referir que como a escrita em computador não se concretizou, os miúdos desmobilizaram completamente da escrita em papel e passaram a ficar desocupados no último quarto de hora o que motivou o regresso do barulho e alguam confusão prejudicial para quem tentava trabalhar no gabinete ao lado. Conclusão, miúdos desocupados e "bem comportados" são coisas incompatíveis.

O pânico da última hora: uma actividade sobre flutuação

Finalmente decidi-me e talvez tenha feito uma boa escolha. Vou abrir com uma actividade sobre a flutuação: "Por que flutuam os barcos?". Adaptei esta actividade do livro "Ciência a brincar" [1] que consultei ontem à noite e decidi completá-la hoje com uma proposta que já conhecia de um outro livro de actividades[2]. Se o Miguel aparecer poderemos, talvez, retomar a nossa conversa sobre submarinos. Vejamos quem aparece e como tudo vai correr! [1] Ciência a Brincar: Descobre a água! http://mars.fis.uc.pt/~cp/cab/agua/bcagua.html [2] Main, J. (1991). Developing critical thinking through science, book 1. USA: Critical Thinking &Software (www.criticalthinking.com)

A escolha das actividades ou as minhas indecisões

A minha angústia esta noite subiu exponencialmente e dormi muito mal. Claro que o calor e o rescaldo do seminário na casa ajudaram à insónia mas o clube de ciência também ocupou algum espaço. Logo à tarde não sei quantos miúdos vou ter, até porque mudámos o horário para ajustar às férias de Verão e além disso há greve dos professores, o que significa que os miúdos podem não ter aulas e vão aparecer em maior número. Mas a minha angústia tem a ver com o facto de até agora, e faltam poucas horas para a sessão, ainda não ter conseguido decidir que actividades irei realizar. Ainda por cima tenho de pensar na tal actividade de abertura mais demonstrativa mas que simultâneamente permita interrogar e despertar interesse e curiosidade. Tenho algumas hipóteses que terei de decidir no máximo até à hora do almoço.

14 junho 2005

Espelhos, Câmara-escura e convívio

A sessão de hoje voltou a animar. Aliás logo que cheguei, passavam apenas uns 10 minutos das seis e quando pensava ter alguns minutos para acertar os últimos pormenores com a Ana eis que os miúdos que já estavam a brincar cá fora me seguiram de imediato até à sala onde costumamos trabalhar. No início existem sempre mais miúdos do que aqueles que acabam por ficar . Espero um dia conquistá-los, mas por agora o clube disputa o espaço com os treinos de basquetebol da junta de freguesia. Por isso, o Amílcar, o Pedro, a Gabriela, o Fábio e o Diogo acabaram por sair antes das sete para irem para o basquetebol. Percebe-se que por agora estão ali apenas a fazer tempo (como diz a Ana) e não ainda com muito interesse no clube mas também já não ficam lá fora indiferentes ao que se está a passar. O Pedro referiu a determinada altura que só queriam “assistir”. Esta circunstância, por um lado de só quererem assistir e por outro o só ficarem durante meia hora levou-me a ponderar preparar uma actividade inicial de abertura da sessão que permita ser realizada num formato mais de demonstração feita por mim ou por um deles e que ao mesmo tempo permita levantar questões e alimentar alguma discussão tentando que todos eles participem e sejam envolvidos. Talvez isto possa ser o início da conquista! Acabaram por ficar mais tempo o Luís, o Ricardo, o Jorge, o Vasco, as gémeas (Luísa e Teresa) e também a Danila (que conheci hoje, é de Moçambique e está em Portugal apenas há um ano). A Danila teve um comportamento engraçado pois durante a maior parte do tempo esteve em amena cavaqueira com o Luís. Tratava-se de pôr a conversa em dia e, aparentemente, não tinha grande interesse nas actividades. No entanto sempre que se focava uma determinada observação ou acontecia alguma coisa engraçada lá vinha ela juntar-se ao grupo para também observar. Já próximo do final da sessão apareceram o André e a Márcia que eu já conhecia mas de outro contexto, o piquenique. Com todos mais calmos, a sessão acabou por ser bastante produtiva. Permitiu-nos construir uma câmara –escura [1] (usando uma caixa dos sapatos trazida pelo Ricardo) e observar e descrever as características da imagem da chama de uma vela projectada na face da caixa que tinha o papel vegetal. Neste vídeo têm uma outra versão de construção de uma câmara escura http://www.cvtv.pt/junior/index.asp?id_video=160&id_tag=17 Fizemos ainda uma outra actividade sobre óptica e que foi aprender como são as imagens obtidas num espelho plano [2] Já no final da sessão ainda tivemos tempo para nos dedicarmos a investigar se o ar tem peso que já vinha da sessão anterior. Nesta altura a Márcia e o André já tinham chegado e o André foi peremptório em afirmar que não que o ar não tinha peso pois nós não o sentíamos. Foi com grande espanto que verificou que a nossa balança rudimentar se desequilibrava quando se colocava ar num dos balões[3]. O André frequenta o 5º ano de escolaridade. Ainda houve tempo para o Jorge demonstrar a actividade “a pressão hidrostática” para o André e para a Márcia e logo a seguir terminámos a sessão. Acho que o título do post acaba por não ter muito a ver com o que acabei de escrever. Quando o decidi estava a pensar na amena cavaqueira entre o Luís e a Danila e acho que o vou deixar ficar porque acaba por fazer sentido, se calhar não tanto para este texto em particular, mas para uma das facetas do clube. [1] Actividade adaptada de: Cruz, N., Martins, I. P. e Martins, A. (1988). À descoberta da física – 9º ano, (2ª ed.). Lisboa: Porto editora [2] Idem [3] Para perceber completamente deve consultar a proposta de actividade em Mandell, M. (1997). Experiências simples sobre o clima com materiais disponíveis. Venda Nova: Bertrand Editora.

07 junho 2005

O regresso a alguma normalidade

Hoje as coisas regressaram mais à normalidade. Apareceram os miúdos de sempre que já posso considerar membros permanentes, isto é, o Luís, o Vasco, o Ricardo e o Jorge. O Luís começa a afirmar-se como líder e como organizador. Hoje observei que existiam arrumações na sala, foi lá colocado um novo armário e então achei por bem reivindicar um espaço de duas prateleiras para os materiais que vamos tendo do clube. Esta minha pretensão foi prontamente aceite e comunicada por mim aos miúdos. Desde logo o Luís passou a liderar o processo de arrumação e organização dos materiais. Aliás durante a sessão dedicámos algum tempo a essas questões. O Luís ofereceu-se para trazer dois dossiers já usados que tinha em casa onde decidimos arrumar por um lado as propostas de actividades que vão sendo realizadas e por outro os materiais, (textos, esquemas, desenhos...) que vamos produzindo sobre as actividades. As actividades que propus para hoje foram: "Vamos construir e experimentar um flutuador” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/submarino.html) “Pressão hidrostática” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/hidrostatica.html “O ar tem peso?”[1] “Bolas de sabão a flutuar” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/bolas.html) “Esferas de óleo que flutuam” (adaptada de http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/oleo.html Acabámos por só realizar as duas primeiras actividades e repetimos a versão do Luís da garrafa vulcão (ver post anterior). As outras ficaram para sessões futuras. O Vasco e o Jorge lideraram e protagonizaram a realização das duas primeiras actividades. Interessou-lhes em particular a da pressão hidrostática e posso dizer que se divertiram muito a experimentar fazer vários furos na garrafa a diferentes alturas e a observar bem os efeitos nos jactos de água produzidos. Chegaram com grande facilidade aos porquês muito embora sem nunca referirem o termo pressão mas antes “o peso da água”. Também foi quase imediata a relação que estabeleceram com o que acontece aos mergulhadores devido aos efeitos da pressão. Para ilustrar referiram o filme "O abismo" que eu não me lembro de ter visto mas acredito que possa ser um bom exemplo. Tentarei saber. O Luís sugeriu duas actividades para serem realizadas, uma sobre a germinação do feijão controlando algumas variáveis tais como humidade, luz e temperatura. O Luís lembrou-se que tinha feito esta actividade no 4º ano de escolaridade e achou que gostava de voltar a fazer. Ele ficou de ir rever no seu livro e de planear completamente a actividade. Lembrou-se ainda de uma outra que é a de colorir flores usando tintas de várias cores. Espero que isto de os miúdos começarem a fazer propostas de actividades aconteça mais vezes. Seria óptimo e um muito bom sinal. [1] Actividade adaptada de Mandell, M. (1997). Experiências simples sobre o clima com materiais disponíveis. Venda Nova: Bertrand Editora